Mercadejação e Geografia dos Mercados
O projeto analisa os casos internacionais e latino-americanos de orientação extremada pelo mercado e procura identificar e discutir a promoção de outros mercados híbridos e plurais, para além dos especificamente capitalistas.
“Muito distante da visão da corrente principal e hegemônica da chamada ciência econômica, das mídias e do senso comum sobre a onipresença e a ação mecânica do tal “Mercado”, há uma infinidade de mercados se estruturando, existindo e “funcionando” na realidade concreta, corriqueira, cotidiana e mundana. Não existe o tal “Mercado”, puro, geral-abstrato, ente naturalizado pelos economistas neoclássicos e pelo pensamento conservador, tornado ideologicamente uma verdade evidente e banalizada. Na realidade concreta, o que existe é uma pluralidade de polimórficos mercados, que não devem ser naturalizados ou tomados como o reino da liberdade, do agir individual-racional e espontâneo. Mercados ou economias não devem ser vistos como antípodas de Estado ou da política. Eles têm natureza eminentemente multifacetada, se apresentando sempre segundo formas contextualizadas e configurações heterogêneas em cada tempo e lugar. Como um similar teórico a uma visão crítica do espaço social, ou de suas variadas escalas, o mercado é uma produção social conflituosa, contingente e relacional, tendo fronteiras em contestação e em movimento. Assim, mercados são construtos sociais expressos e amparados em relações e interações interpessoais complexas. São formas não-estáticas, não-rígidas ou não-uniformes, mas plásticas, híbridas, contextuais e plurais, que requerem enquadramento e molduras institucionalizadas, para que logre dar estabilidade às relações sociais dinâmicas e mutantes. As pesquisas sobre os diversos mercados precisam, assim, defender e desenvolver uma abordagem não-estática de como são preparados, moldados e formados cada um dos mercados específicos (Brandão, 2024).
Coordenação:
Carlos Brandão